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Estas são conversas de um país que, estando em crise, vive apesar dela. Neste espaço fala-se de um Portugal que ainda consegue ser belo, de um GoCar feito playboy e de uma viagem que sempre quis fazer.
Igreja da Senhora do Cardal - Pombal
Busto do Marquês de Pombal (cruiosamente com um pombo em cima) - Pombal
Centro histórico - Pombal
Acabou Novembro e já ouço falar de se ir cortar o pinheiro para o enfeitar de luzes e cores, junto à porta ou à janela da sala. Lembro-me de em miúdo ir cortar o pinheiro à mata, com um carro e um serrote, e de sentir uma certa cedência ao comercial quando em casa dos meus avós se sofreu o desvio urbano de se comprar um simulacro da mesma árvore.
A maioria não entende o ritual do enfeite de um pinheiro quando o mês de Dezembro começa a arrefecer a pele e o cheiro do natal se manifesta nas ruas. Percebe-se a incompreensão. A comemoração actual do 25 de Dezembro manda celebrar o nascimento de Cristo, o que em nada está relacionado com o acto de pendurar ornamentos em ramos de uma árvore que é trazida até casa. Faz mais sentido se contextualizarmos. A chamada árvore de natal remonta às festas do sol, e essa ligação está bem presente em toda a luz que a pontua, hoje com a ajuda da electricidade, e todos os objectos esféricos com que a tornamos mais nossa e diferente da de outros.
Esta mania recente de criticar o consumismo natalício tem uma base histórica católica, ou pelo menos cristã, mas já antes disso esta data era festejada, sendo que nesse tempo o destinatário era outro, o sol, ou o sol invictus, o invencível, porque apesar de andar a perder a força desde Junho, começava a recuperá-la nesta altura, no chamado solstício de inverno. Estes dias eram vividos com uma boa dose de festança e de opulência. Não passa de uma opinião pessoal, mas considero que quem vê no Dezembro actual um reprovável capitalismo a aproveitar-se de uma data sagrada, engana-se, porque desde sempre se comemorou a pujança solar com magnificência. Não é de agora. Os romanos, muito antes de sabermos sequer o que era consumo desenfreado e muito antes de Jesus ter pisado a Terra, faziam-no.
Largo do Marquês de Pombal - Pombal
Heranças árabes - Pombal
Foram um aparte que quis fazer, os três parágrafos de cima. Passei hoje por Pombal, onde o Marquês com o mesmo nome dormiu uns bons aninhos, para depois seguir caminho para uma freguesia do concelho, Carnide. Tenho cá amigos, e neste caso faz sentido chamá-los ao texto porque parte deles emprestaram-me o Dinis.
Falando de Pombal, é preciso dizer que começam mais ou menos por aqui, na Alta-Estremadura e no tido como Oeste português, os terrenos da Ordem Templária, tornando-se, mais abaixo, Tomar o exemplo máximo disso. São terras de Dinis. E não só. São terras da sua mulher, D. Isabel, a rainha santa, que é causa e consequência de muitos dos nomes atribuídos a algumas povoações aqui perto. Não é por acaso. Há uma relação muitíssimo próxima entre aquilo que eram os Templários e o reinado de D. Dinis, que os safou de morte certa quando, para os encobrir de devaneios papais, lhes mudou o nome para Ordem de Cristo. Lanço, portanto, o desafio: vejam-se a quantidade de lendas, terras, pinhais, castelos templários ou rituais anuais a associados a essa Ordem - a Festa das Cruzes, em Cem Soldos, onde se partem cruzes no final de uma romaria -, que se encontram num espaço de dimensões modestas como é esta parte nortenha da antiga península estremenha somada a certa parte setentrional do Ribatejo. É nestes quadrantes geográficos que conseguimos encontrar um folclore, ou seja, uma cultura unificadora, que mete centenas de aldeias do Centro a marcharem ao mesmo passo.
Castelo (à esquerda) e antiga muralha (à direita) - Pombal
Pequena capela decorada - Ranha de São João
Igreja de Carnide - Carnide
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