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Qual crise?

Estas são conversas de um país que, estando em crise, vive apesar dela. Neste espaço fala-se de um Portugal que ainda consegue ser belo, de um GoCar feito playboy e de uma viagem que sempre quis fazer.



Quarta-feira, 21.11.12

De Braga ao Porto

Putos num GoCar - Porto

Casas na Ribeira - Porto

 

Porto.

Levas-me a um céu em que os deuses são cabrões e desobedecem e dizem palavrões.

Dás-me o frio de um cubo de gelo nas costas de uma t-shirt e bombas-me de calor até explodir o coração. De emoção.

Talvez um dia se entenda o alvoroço desse teu licor de singeverga que me ateia até ao osso. Talvez um dia se descubra melhor mania catraia que o de fazer um brinde a ti desde as caves de Gaia.

Trazes-me a excitação de um miúdo a dormir mal numa véspera de Natal.
Quero-te comprar tudo. Quero-te comprar todo. Escrever-te má prosa e poesia rançosa. Cantar-te o Veloso no "A gente não lê" e ler-te de trás para a frente os versos do Tê. Começar-te na foz, e misturar o mar com minha a voz. Terminar-te na ribeira, e ver o Douro a desfazer-se ali à beira. Pulsar-te a noite, à noite, com álcool e sem norte. És tão curto e tão torto, meu Porto, e mesmo assim não te vejo o fim.

Transformas um gajo como não conseguem drogas pesadas com viço. Ainda hoje troquei os vês pelos bês e nem sequer dei por isso. Pões-me a rezar a santos da pesca do povo da Afurada. Que religião davas se te desses à maçada.

Como é que há peregrinos do norte a passarem aqui e seguirem para Fátima? Que crentes são estes que não crêem no que é belo?

Já eu não repouso sem te atar as pontas todas. Não me tapo sem te decorar os cantos e o mistério do que em ti não se vê, que tão depressa me faz esquecer o fêcêpê.

Que te trovem em sol maior numa fábula duriense que nenhum sonho teria mãos para desenhar.

Mereces um coro de falsetes e barítonos que do Douro te peça para namorar.

Sabes lá das saudades com que me deixas em casa.

Só não te digo perfeito porque perdias toda a graça.

E ver-te agora, a fazer-me a folha, de noite fechada, é ter a braseira da pele da mulher que amamos, à nossa encostada.

 

Gaia do Porto - Porto

Porto de Gaia - Gaia

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por Ricardo Braz Frade às 22:13


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